domingo, 4 de outubro de 2009

A raça dos "bufos"

Em Portugal possuímos uma das características mais caricatas de qualquer democracia europeia - a raça dos "bufos".

No nosso país, a proliferação desta raça é fruto de várias décadas de repressão, que proporcionaram um ambiente propício ao aparecimento e respectiva proliferação dos bufos, fenómeno que nem mesmo os nossos 30 anos de democracia conseguiram controlar.

Em Portugal, qualquer Zé Pacóvio (neste caso até é uma Josefina Pacóvia, mas isso não interessa) pode vir a público acusar altas figuras públicas do nosso país de forma totalmente impune. Aliás, em relação diametralmente oposta àquilo que uma sociedade madura e racional deveria fazer, que seria criticar e contestar as acusações - normalmente estas acusações em praça pública até são bem recebidas pela população em geral e apadrinhadas pelos nossos media, que as transformam em telenovelas mediáticas, muito ao estilo daquilo que se lê nas revistas cor-de-rosa que abundam pelo país.

Há muito pouco mais a dizer em relação à historieta da Cova da Moura... infelizmente para os detractores de José Sócrates isto não passa mesmo de uma telenovela mediática baseada nas afirmações de uma tal de "fulana de tal" da qual nunca ouvi falar, e de quem, muito sinceramente, nunca hei-de querer ouvir.



Enquanto em Portugal "fulanos-de-tal" tiverem este tipo poder "bufo", estamos mal. Muito mal.

6 comentários:

  1. Não foi esse o critério que utilizou para Paulo Portas. Num caso trata-se de bufos, sim porque para si o sr sócrates é sempre inocente, no caso de paulo portas, os critérios são completamente ao contrário, sendo ele à partida declarado suspeito, sem ninguém até hoje lhe ter perguntado seja o que for.

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  2. O caso dos submarinos é substancialmente diferente deste ... num é uma fulana incógnita que fala, no outro trata-se da investigação levada a cabo pela Polícia Judiciária ... de qualquer das formas, eu nunca acusei publicamente Paulo Portas, apenas me referi à falta de transparência e à grande confusão que foi todo o processo da aquisição dos submarinos... e isso ninguém pode negar.. assim como também não se pode negar que é o próprio Paulo Portas que se reveste de "superioridade moral" contra os socialistas quando na verdade pelos vistos não a possui. Sócrates nunca fez esse tipo de declarações.

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  3. No caso dos submarinos Paulo Portas nunca sequer foi ouvido, porque nunca a justiça o chamou. No caso do regadio cova da beira, José Sócrates foi chamado a depor para esclarecer algumas questões. Nada mais que isso. O facto de ser chamado a depor, não faz dele nem um culpado, nem um inocente, e só lhe dá vantagem em relação ao Paulo Portas, porque ao menos alguém o chamou e não se limitaram a lançar coisas para o ar.

    Em relação às denuncias anónimas, elas devem ser investigadas, e se alguma coisa houver de consistente, o processo deve seguir. O facto de serem anónimas, pode querer dizer ou não alguma coisa. Na Itália, no tempo da máfia, se não fossem as denuncias anónimas nunca se poderia ter feito o que se fez a essa organização. Ou acha que é toda a gente que dá a cara contra a "Cosa Nostra"? Não quero com isto comparar JS à Máfia, apenas quero que perceba que o facto de a denuncia ser anónima ou não, não faz diferença, porque só pode haver condenação se houver prova objectiva. Se não se provar que JS recebeu alguma coisa, a denuncia até pode ser pública e conhecida, que não é isso que o vai condenar.

    Há tanta falta de transparencia no caso dos submarinos como há neste. Quando você conclui que Paulo Portas não possui superioridade moral por causa desse caso, é porque já está à partida a considera-lo culpado de alguma coisa. Ora os casos por si só não tiram ou dão credibilidade às pessoas, a condenação ou não é que pode tirar. Nem Paulo portas foi condenado por nada, nem Sócrates, por isso não percebo porque é que num caso há falta de credibilidade e de transparãncia e no outro caso não.

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  4. Acho que não nos entendemos... um dos estandartes da campanha de Portas e da direita (o PSD de Ferreira Leite fez o mesmo) foi precisamente esse de que tanto um como o outro eram pessoas mais "transparentes", mais claras, mais "limpas"... ora, isso não se verifica.

    Se um ou outro foram ouvidos ou não, isso pouco importa.. o que eu estou a analisar aqui é esta mentalidade de "bufo" que ainda persiste em Portugal em muitos sectores.. a sua analogia com a Máfia é absurda em Portugal não existe nada de semelhante nem existem vendettas sanguinárias por parte dos nossos políticos.

    A mentalidade de bufo que existe em Portugal faz com que até uma acusação feita em carta não assinada seja levada em conta. Tavez não para a polícia mas seguramente para a opinião pública e para os jornalistas que não têm quaisquer escrúpulos em publicar ou divulgar.

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  5. Eu não gostava de por esta questão numa rivalidade esquerda/direita. Até porque tratar isto do ponto de vista das nossas opiniões partidárias só leva a lado nenhum.

    Esse estandarte do Paulo Portas continua em vigor. Não se verifica porquê? Ele foi condenado? Provou-se que fez alguma coisa de mal? Tudo o que há são espéculações. E é precisamente ai que bate a minha critica ao que o Pedro escreve: no caso de PP, o Pedro já está a tirar conclusões ao escrever que "isso não se verifica", no caso de JS é tudo coisas de "bufos". Independentemente do que aconteça, parece que já decretou a culpa de um e a inocência de outro.

    Essa sua teoria do "bufo" só tem cabimento, se se apurar que JS nada fez de errado. Imagine que a justiça consegue provar que ele se abotoou com o dinheiro, nessa altura que diferença fará se a donuncia foi anónima ou não. O que interessa é esclarer a verdade.
    Se se verificar que foram calunias, nesse caso dar-lhe -ei alguma razão. Até lá não vale a pena estar a tirar conclusões de culpabilidade ou inocência. Para isso é que serve a justiça.

    Outra coisa que ainda não percebi no seu argumento: na sua opinião o 1º ministro é escrutinável e investigável? É que parece que não. Neste caso alega que as denuncias são anónimas, coisa de bufos, mas no caso Freeport, as denuncias não foram anónimas, apareceram num vídeo e em documentos da polícia inglesa. Também não são válidos para se proceder a uma investigação? Quando é que na sua opinião um político deve ser investigado? Só quando é do CDS?

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  6. É impossível que não consiga pôr esta questão dentro da rivalidade esquerda/direita, mas tudo bem.

    Em relação ao que diz, eu não decreto ou deixo de decretar seja o que for - mas registo que a pretensa superioridade moral de Paulo Portas em relação a José Sócrates não passa de um embuste.. desde sempre, desde 2005 para ser mais preciso, que ataques visando a pessoa de José Sócrates têm aparecido nos media, ou até mesmo sob a forma de rumores.. para os que dizem que vivemos numa asfixia democrática, até é bastante irónico, pois creio que nunca nenhum primeiro-ministro foi tão atacado a nível pessoal como este... já correram rumores de que seria gay (como se isso fosse pejorativo aliás), de que seria corrupto, de que a mãe era corrupta, que seria isto ou aquilo... e isso tem sido usado pelos seus detractores políticos como arma de arremesso.. nesta campanha não de forma tão ousada, mas havia a mensagem escondida de que os rivais de Sócrates À direita possuiriam uma espécia de superioridade moral em relação à figura de José Sócrates. O que não se verifica em absolutamente NADA.

    Em relação aos submarinos - aquilo foi tudo uma grande embrulhada, e por conseguinte, nada transparente. Em relação a Cova da Beira, reitero o que disse, não passa do depoimento de uma fulana de tal (sobre quem não ouvi nem quero ouvir falar) e sob o qual José Sócrates testemunhou.

    Reitero ainda que em portugal julgamentos em praça pública proliferam e são fruto da nossa mentalidade provinciana e atrasada. Ainda há 20 anos os bufos das aldeias proliferavam e seguramente não teriam escrúpulos em denunciar seja quem fosse ou em inventar depoimentos para ferir ou mesmo ver-se livre de rivais. É cultural e endémico deste país.

    Ainda a minha preocupação com Portas, se é que leu o meu post sobre os submarinos, é a de que para alguém que tanto falou em contas públicas detalhadas e "claras", o caso dos submarinos deve ser seguramente uma grande pedra no sapato.

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